Antes da festa.


     Aquele olhar direto nos meus foi quase que como ideia compartilhada. Meu momento de solidão em casa me permitiu fazer muitas coisas, pensar algumas coisas e ,ainda, estudar algumas coisas.  Mas numa conversa de amigos, aquela ideia foi nossa, de súbito pulou a boca de um deles: - Vamos fazer uma festa, aqui.
     Quinta no bar a festa havia mudado de endereço, tudo bem não tenho que arrumar a bagunça depois. Mas briguei e esperneei. – No outro fim de semana a gente faz na sua casa. Cerveja vai cerveja vem a conversa sobre sexo tanto homo quanto bi quanto heterossexual era o foco. Peraí eu bebo se já fiz, é isso?(sic.)
     E um bando segue para um tal lugar onde vai rolar um cover clássico, alguma coisa assim. As pernas a mostra vão embora em um sedã com outras pernas cobertas. Não sei o que deu nem sei quem lá fudeu, quero minha cama.
      O moto taxi prometeu vir por 17 reais e daqui para o meu lar foi muito frio, mas eu cheguei. Antes disso um homicídio, a morte de não sei quem, n’outro bar. Fiquei sabendo por alto que era filho de alguém que tava envolvido com droga, algo assim.          
      O telefone logo pela manhã toca. A festa vai ser na sua casa. De súbito algum dos pensamentos mais sujos vem à mente. Vai ter sexo e alguma coisa, alguma coisa vai acontecer, só espero que não seja nenhuma morte.

Onde Vivem os Monstros

[1h40 madrugada trim, trim, trim, "Paulo" no visor do celular]

- Alô...

- E aêêê, vééi, cai aqui pro Luiz, tá todo mundo aqui, tá show demais!!!

[barulho ao fundo, música, vozes... a coisa deve estar boa mesmo]

- Ué, cara... O foda é que não sei como chega aí... (já pensando em cometer o ato de loucura)

- Perae, perae, perae, vou passar pro Luiz, ele te fala!!!

- E aaaaaaeeeeee, Renan!

- E ae, Luizera!!!! (É... fudeu, a animação do Luiz, Paulo... agora tenho que ir! Ou vou, ou morro!)

- Pra você vir é o seguinte: blablabla, Gran Hills, direita, blabla, Nova Esperança, Zema, Friboi, pá, daí liga, simples.

- Putz... beleza, tô indo!

[corre, arranca fora a cueca, corre, veste roupa, rouba uma garrafa de whisky do armário, pontinha do pé... ti ti ti, vaza!]

[esse tipo de viagem proibida, durante a alta madrugada, geralmente é impossível descrever as sensações que se experimenta... a noite ia alta, o vento era frio, a vontade de se juntar aos iguais era tamanha que a ansiedade fazia tremer as pernas... vai ser do caralho!!!]

- Tô vendo a luz do farol... Aqui!!!

- Cheguei! Ruuuuuuuuuuuuuuuuu

[a primeira coisa que eu notei e concluí foi a seguinte: já era meio tarde, o Luiz ainda não estava bêbado a ponto de me jogar Ypioca de Limão... a conclusão é a de que lá dentro o bicho deve tá pegando e o Luiz, como dono da casa, tá mais moderado pra segurar as pontas. Então o que eu resolvo é que a noite, pra mim, também vai ser mais moderada, afinal, quem sabe...]

[o primeio grande retrato do que foi a "reunião" chama-se Adegmar. Me vem um louco, carregando um lençol, aos tropeços... Parecia o Gasparzinho embriagado]

- Renaaaaaaan!

- E aê, Adeeeegas!

[e aí tudo começou... a entrada... aquela porta... aquela porta que seria a boca para o inferno... ou melhor, sim, não para o inferno, mas a entrada garantida para qualquer lugar parecido com o paraíso!!!!!]

Continua...

Minha sumida.

       Quando se passa muito tempo sem ver a galera, ou qualquer outra pessoa, muito se levanta sobre essa pessoa e nada é concreto. Aconteceu comigo e acontece com você, de repente você se vê perguntando “por onde anda fulano?”, “o que anda fazendo?”. Numa das situações você acaba estando do outro lado, o lado do consultado, “e o fulanera, tem visto ele tem falado com ele?”.


      Me irrita profundamente responder perguntas que não quero, isso é interno e não dá pra pré-definir ou estabelecer o que perguntar e não perguntar. Uma das situações é quando você tropeça em alguem e você sabe que aquilo vai acontecer que você vai ser perguntado sobre outra pessoa. No bar de vez enquanto acontece – e ai você não tem falado com aquele?. Por Deus isso é pro assunto não morrer e tudo ficar sem graça, como se já não tivesse morrido.

      O que vem ao caso é o que foi pensado sobre mim e a minha repentina sumida do meu “ciclo social”. Uma delas foi a de que tinha arrumado um par de pernas e que estava abrindo suas nádegas com o meu falo. Mas a melhor delas foi a de que tinha virado travesti e que resolvera apagar todos mentalmente, como a limpeza de dados de um sistema.

      Batendo ponto em outro lugar estaria recebendo grana por prestar serviços com sexo. Estaria rompendo a barreira que esta entre as bochechas da minha bunda, por dinheiro e de vez enquanto fazendo o contrário. O nome de guerra seria, Anyellem, Mixa ou Teresa. Seria escroto por não possuir um corpo atlético nem para quem é homem nem para quem é mulher, pior pra alguém que não é nem um e nem outro.

      Travesti Renan? Porque a especulação não foi sobre minha morte, ou sobre uma partida repentina, talvez eu não quisesse falar com ninguém, talvez estava internado em uma clinica de reabilitação para viciados em pornô grafia, talvez até espalhando copos de bosta pelo mundo, mas travesti? Pelo menos pensou que eu tinha resolvido virar em travesti em um lugar rico e famoso, como a Augusta em S. Paulo.

      Travesti em Goiânia sofre, ainda mais quando 3 e mais um peidão para na esquina achando que é mulher e perde 10 reais sem nenhuma chupetinha. Ou leva um tapa na bunda alí perto do praça A. Alguns se reduzem a preço de 1 real só para talvez sentir prazer uma vez, mesmo tendo prazer ainda cobra. Pior deve ser o que se sujeita a levar uma lambinda, no "oreface", com uma versão barata de mel por 10, não, 20 reais.